Semtran condena clandestinidade e vai manter fiscalização contra o Uber; populares opinam
Desde a manhã desta quarta-feira (17), uma operação conjunta da Secretaria Municipal de Trânsito (Semtran) e Polícia Militar fiscalizou diversos veículos e apreendeu seis motocicletas em situação irregular em Porto Velho. No último sábado, outras 28 motos e quatro carros também foram apreendidos.
A motivação, embora não específica contra o serviço Uber, visa acabar com a clandestinidade no transporte de passageiros. “Não houve nenhuma comunicação oficial de instalação do Uber, até porque o transporte é exclusividade para categoria de aluguel, de veículos com placas vermelhas. O serviço feito dessa forma fere a legislação federal, quando o Código Nacional de Trânsito dita ainda que os motoristas devem ter curso específico para tal, anotação na CNH de que está apto para exercer a atividade remunerada, e o veículo deve passar por vistoria”, explica o secretário da Semtran, Marden Negrão.
Violência
O secretário ressalta que a Semtran continuará fazendo o seu papel fiscalizador, e desabafa sobre os casos de violência que aconteceram na manhã desta quarta, de taxistas contra veículos clandestinos. “Os taxistas são trabalhadores honestos e legais e não iriam ter uma atitude como essa sem terem sido incitados. Esse foi o mote de campanha do próprio Uber para desestabilizar e tentar forçar a aceitação popular através do vitimismo”, declarou Negrão.
Quanto à possibilidade de instalação do serviço, Marden diz que pode acontecer desde que dentro da legalidade. “A empresa precisa fazer a solicitação e adequação às normas legais. Nós queremos o progresso, mas dentro dos meios legais”. Para o professor João Souza Marques, “o serviço deve ser aceito, mas o que é regularizado é melhor, pois garante o conhecimento de direitos e deveres dos trabalhadores”.
Opiniões
A cozinheira Helena Campos também concorda com a instalação do serviço na capital. “Eu sou totalmente a favor, todo mundo precisa de trabalho, ainda mais na crise em que estamos”. Assim como Helena, a comerciante Larides da Silva declarou que “a prefeitura deveria regularizar. Tem espaço para todo mundo”.
Diferente das opiniões anteriores, o mototaxista Rivanilson Silva Lopes, é contra o Uber em Porto Velho. “Não temos espaço para todos. Eu sou a favor é de melhorarem o transporte público, com mais qualidade e regularidade nos horários”. Já o colega de praça, Edrislandi Monteiro, diz que é a favor de todo tipo de transporte, desde que seja regularizado.
O aumento da concorrência preocupara o mototaxista José da Silva. “Eu creio que a cidade não tem mercado para todo mundo. Ao invés de liberar para eles, deveriam liberar a lotação para os taxistas. A crise está feia para nós como está, imagina se vem mais concorrência”.
Para o taxista, há 30 anos na praça, Raimundo Nonato Siqueira, a violência não é a saída. “Sou contra essa quebradeira toda que aconteceu hoje. Quando eu vejo essas bagunças, já saio logo fora. Queima a nossa imagem”. E o colega Aurindo Ferreira completa que “está todo mundo revoltado com isso. É claro que não justifica a violência, mas a maioria que está entrando nessa de Uber, é funcionário público ou trabalha só meio período. Só querem ganhar um extra, porque com o que eles cobram pela viagem não dá para se viver”, disparou.
O taxista já há 10 anos, Diego Souza, diz que “se for para eles ficarem que seja com as mesmas exigências que os taxistas. Nós apresentamos muitos documentos anualmente para renovação da carteirinha, e hoje em dia até se tivermos alguma dívida com a Sefin não conseguimos renovar. Aposto que muitos que estão arriscando não conseguiram se regularizar com essas condições”.
Francisco dos Santos, presidente do Sindicato dos Taxistas e dos Transportes Escolares (Sintax), alerta para a responsabilidade do transporte de passageiros, e diz que não concorda com a atitude de alguns colegas que vandalizaram veículos clandestinos nesta quarta-feira. Por outro lado, o presidente considera o desespero da categoria. “Nós somos as vítimas, estão invadindo nosso espaço. A concorrência não pode ser desleal”.
Segundo Sintax, aproximadamente R$ 600 mil são pagos anualmente pelos taxistas de Porto Velho para se manterem na praça. São 750 concessões registradas, mais 1.200 permissionários e motoristas auxiliares. “São muitos profissionais que serão atingidos diretamente com uma crise tremenda caso esse Uber seja instalado aqui”, concluiu.
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