Rondônia, 22 de dezembro de 2025
Geral

Servidores denunciam sobrecarga, falta de alimentos e cardápio inviável nas escolas de Porto Velho

Profissionais da alimentação escolar da rede municipal de ensino de Porto Velho denunciam uma série de irregularidades relacionadas à merenda servida aos estudantes. Em áudios enviados ao site, merendeiras relatam sobrecarga de trabalho, falta de estrutura, ausência de alimentos básicos e um cardápio que consideram inviável, principalmente para quem trabalha sozinho em escolas da zona rural.

As denúncias se intensificaram após a implementação de um novo cardápio para o primeiro trimestre de 2025. Segundo uma das profissionais, o documento elaborado pelas nutricionistas da Secretaria Municipal de Educação (Semed) não levou em consideração a realidade das escolas, especialmente daquelas que possuem apenas um merendeiro para atender dezenas de alunos.

“Tem escola com 70, 80 crianças e só um merendeiro. O cardápio exige mingau, pão com carne, frutas, suco. É impossível fazer tudo isso sozinho. É um desrespeito”, diz uma merendeira.

Outro ponto levantado diz respeito à insuficiência de recursos para a compra dos ingredientes exigidos. O repasse para escolas com menos alunos, especialmente na zona rural, seria menor, o que impede a aquisição de todos os itens propostos no cardápio, como frutas, proteínas e temperos básicos.

“O recurso que vem para a escola é pequeno. Às vezes ficamos semanas sem mercadoria até cair nova verba. Como cumprir esse cardápio?”, questiona outra profissional.

Além disso, as merendeiras relatam problemas de saúde devido à carga excessiva de trabalho, como lesões físicas e exaustão, e criticam a ausência de apoio institucional, formação adequada e acompanhamento ocupacional.

As denúncias apontam ainda que a agricultura familiar, embora obrigatória na composição da merenda escolar, não fornece itens como arroz, feijão e carne, o que limita ainda mais as opções de alimentação.

“A agricultura familiar só fornece frutas, legumes e hortaliças. Não temos como comprar carne ou peixe deles. E mesmo assim, querem que a gente sirva três lanches em algumas escolas”, relatam.

Outro agravante é a diferença no financiamento entre escolas urbanas e rurais. Como o recurso é baseado na quantidade de alunos registrados no ano anterior, unidades que aumentaram sua matrícula em 2025 estão enfrentando dificuldades para atender todos os estudantes.

Além das críticas ao cardápio e à falta de estrutura, também há cobranças em relação à gestão da alimentação escolar. Uma reunião com o sindicato da categoria, ocorrida recentemente, garantiu um reajuste de 6,27% nos salários e 10 dias de férias em julho, mas as pautas relacionadas à alimentação e às condições de trabalho seguem sem solução.

As merendeiras pedem ainda que as decisões sobre o cardápio sejam construídas em diálogo com quem está no dia a dia das escolas. Elas reivindicam respeito, condições dignas de trabalho e políticas públicas que contemplem a realidade da educação básica.

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