Rondônia, 28 de novembro de 2024
Geral

Superação, determinação e sucesso: exemplos das mulheres na segurança pública em Rondônia

A presença da mulher no mercado de trabalho está cada dia mais forte no estado e até mesmo em áreas que antes eram vistas como preferencialmente de homens, elas atual com grande desenvoltura. No setor de segurança pública não é diferente.
Uma dessas profissionais é a policial civil Katia Nascimento, que entrou para o quadro da segurança pública em 1994, quando tinha 20 anos de idade. “Eu era fã número 1 do meu saudoso pai, o policial Maurity Chagas do Nascimento, que não está mais entre nós. Em homenagem a ele, eu resolvi seguir a mesma carreira”, contou.

Na família, Katia Nascimento foi à única que seguiu a mesma profissão do pai e enfrentou muitas barreiras para mostrar que a mulher também tem a mesma capacidade de exercer profissões, que antes eram exercidas somente por homens. “Por eu ser mulher, as pessoas não confiavam no meu desempenho e na atuação policial. Lembro-me de uma situação que marcou esse preconceito. Foi em uma apreensão de um menor infrator, onde eu entrei na residência e de repente me vi sozinha. Os policiais não me acompanharam e disseram que eu era afoita. Até que um colega me apresentou para o chefe do Sevic do Denarc, onde trabalhei por alguns anos, passei por outras delegacias, e retornei atualmente”, relembra Katia Nascimento.

A agente de Polícia, ao longe de sua carreira, fez parte da equipe de investigadores da Delegacia de Homicídios. Muitos crimes foram investigados por ela, mas um marcou sua vida profissional. Foi a morte de uma jovem, juntamente com seu filho, praticado por uma adolescente. Katia Nascimento esteve à frente dos trabalhos e todos os envolvidos foram colocados atrás das grades.

Delegada aos 23 anos

Em 2010, aos 23 anos, Keity Mota, assumia como delegada de Polícia Civil do Estado de Rondônia. Era a profissão dos seus sonhos pela importância do profissional na sociedade. “Graças a Deus não sofri nenhum tipo de preconceito, mesmo trabalhando com investigadores e outros policiais homens na grande maioria”, disse.

Para Keity, atuar como delegada nos dias atuais, não é uma tarefa fácil. “As dificuldades são grandes devido às muitas demandas de casos que com o passar dos dias só aumentam, mas devemos focar nos benefícios que conseguimos fazer à sociedade. A mulher tem capacidade e força suficiente para encarar os desafios de um trabalho e poder de liderança, ela é múltipla mãe, esposa, profissional e desempenha todos os papéis com excelência, é da essência dela. Temos que ter empatia com as mulheres e não rivalizar, uma vez que o sucesso de uma é orgulho para todas”, ressaltou a delegada.

Ao longo de 12 anos, Keity tem muitas histórias na memória. Uma delas é sobre o caso de um bebê, que foi morto por um soco dado pela mãe, que se não houvesse intervenção da Polícia teria passado como morte súbita. Houve um caso de um casal morto e enterrado na mata que demorou dias para desvendar, além é claro do assassinato do prefeito de Candeias do Jamari, cidade em que ela era titular da Delegacia na época. O crime também foi esclarecido.

Major teve que se masculinizar

Atuando na Polícia Militar, desde os 18 anos, a major Michelly Mendes, especialista em Segurança Pública e mestre em Educação teve percalços na vida, a começar quando escolheu atuar na segurança pública. “Venho de uma família militar. Meu pai era sargento do Exército. E sempre tive muito orgulho dele. No entanto, no início ele não me apoiou. Mas logo ele percebeu que eu não ia desistir. E hoje, me dá total apoio e sou motivo de orgulho para minha família”, diz.

Logo que iniciou seu trabalho na PM, Michelly sofreu ainda com preconceitos. “No início foi superação e tive que demonstrar que ali era o meu lugar e ninguém iria me fazer desistir. Até hoje percebo de uma forma sutil os preconceitos e discriminações. Por exemplo, há poucas mulheres em espaços de poder. Costumamos ver poucas mulheres em cargos de cargos de chefia e na política. A falta de representatividade gera a permanência do assédio moral, sexual dentro do ambiente de trabalho, os altos índices de violência doméstica e falta de respeito pelas mulheres”, enfatizou.

Os preconceitos sofridos por Michelly eram tantos, que ela chegou ao ponto de se masculinizar para ser aceita. “Eu entrei em 2007, e não tinha referência próxima de mulheres policiais militares. Tive que me masculinizar para ser aceita, tentei engrossar minha voz, mudei até minha forma de andar. Mas depois percebi que isso não me deixava confortável. Na minha atuação, cheguei a comandar o 6° BPM, que abrange Guajará-Mirim, Nova Mamoré e Nova Dimensão. Foi algo desafiador para mim, e eu não podia errar ou fracassar no comando, pois para nós mulheres, o julgamento é muito mais cruel e eu precisava abrir espaço para outras mulheres. Sou oficial de Polícia, o que muito me orgulha, pois vivo para servir a sociedade, e como mulher, eu vivo para que as mulheres sejam respeitadas”, disse.

Desafios

Gostar de encarar desafios, adrenalina e emoções, fez a policial penal, Sandra Pinheiro, seguir carreira na segurança pública. Ela assumiu o cargo em 2004, com 28 anos. “Eu tinha vontade de trabalhar na segurança, mas não imaginava quem um dia eu fosse ser policial penal. Sempre tive o sonho de poder dar a minha parcela para ajudar a sociedade a manter a ordem e graças a Deus não sofri nenhum tipo de preconceito no meu local de trabalho”, diz.

As mulheres lutaram muito para serem reconhecidas e para mostrar que elas podem exercer qualquer profissão. “Nós conquistamos muitos espaços e hoje somos aceitas, principalmente em profissões que antes só podiam ser exercidas por homens. A gente pode avançar mais, pois temos competência para isso. A prova disso, é que já ajudei a manter a ordem em duas rebeliões, uma no presídio José Mário Alves da Silva, Urso Branco e outra na Penitenciária Estadual Milton Soares de Carvalho, o 470”, finalizou.

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