Rondônia, 12 de novembro de 2024
Geral

Transcrição de áudio inexistente teria motivado segunda fase da Operação Pau Oco

O desembargador Oudivanil de Marins, do Tribunal de Justiça de Rondônia, teria sido levado ao erro ao deferir medidas solicitadas pela Polícia Civil e que culminaram com a segunda fase da Operação Pau Oco, em abril desse ano. Uma das transcrições, apresentadas como se fosse de um dos investigados, Flávio Augusto Tiellet, não existe. O áudio anexado aos autos não tem nada a ver com a transcrição apresentada pelas autoridades policiais. O alerta partiu de um delegado em um grupo de Whatsapp. A conversa foi vazada e motivou ação de vários advogados dos investigados.

No áudio, o delegado diz que todo o processo pode ser anulado e afirma que o áudio foi usado para incluir o ex-governador Daniel Pereira nas investigações. “Em tese estamos induzindo o magistrado sobre a existência de uma Orcrim”, afirmou. ”Esse áudio, de setembro, da data em que ele foi juntado pra frente o que não tinha, já vai perder, inclusive o resultado das buscas, das coisas em relação ao Daniel, porque ele foi usado pra incluir o Daniel, inclusive”.

Segundo três advogados ouvidos pelo RONDONIAGORA, entre eles Rodrigo Luciano Alves Nestor -citado pelo delegado e que representa Flávio Tiellet e ainda, Nelson Canedo, advogado de Daniel Pereira, a degravação anexada aos autos não condiz com o áudio do CD anexado pela Polícia Civil.

Essa transcrição motivou o desembargador a decretar prorrogação de prisões e novas buscas. “Estamos agora entrando com petição para que sejam apresentadas todas essas provas e pedindo intervenção da corregedoria, Ministério Público e OAB no caso”, explicou Nelson Canedo. Segundo o defensor, o áudio foi usado para pedir a prorrogação de escuta telefônica e a partir de então direcionada ao ex-governador Daniel Pereira.

Mesmo com o alerta do delegado, o advogado Rodrigo Luciano Alves Nestor diz que, por enquanto, não pensa em fazer pedido de anulação. Ele diz que a ação está no começo e ainda estudará o que fazer.

Para Nelson Canedo o caso é gravíssimo e estarrecedor. “O delegado relata situações gravíssimas, confessam que induziram o desembargador a erro para angariar a prorrogação de escutas e depois direcionadas ao ex-governador, alegando fatos que sequer existiram. ”

O jornal pediu pronunciamento da Polícia Civil na tarde de terça-feira, mas a assessoria não deu qualquer retorno.

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