Rondônia, 23 de dezembro de 2024
Nacional

Com 49 votos, José Sarney é eleito presidente do Senado Federal

O senador José Sarney (PMDB-AP) foi eleito nesta segunda-feira o novo presidente do Senado com 49 votos. Seu adversário na disputa, o petista Tião Viana (AC), recebeu 32 votos. O ex-líder do PMDB, Valdir Raupp havia previsto essa votação.



Sarney disse ainda que decidiu lançar-se na corrida à presidência da Casa após ser "convocado" por parlamentares de partidos diversos. Depois de ser criticado por ter lançado seu nome na disputa tardiamente, Sarney disse que não desejou disputar o comando do Senado, mas que não poderia "fugir ao dever" de atender aos colegas --tendo a Deus como testemunha da sua disposição inicial de não concorrer ao cargo.

Sarney listou uma série de medidas implementadas durante sua gestão na Casa para mostrar que, no passado, foi favorável à renovação. "Fundei os primeiros circuitos fechados de TV, depois a primeira TV educativa do Brasil. Não me chamem de um velho que não tem gosto pela inovação. aqui no Senado, quando cheguei, a ideia da informatização foi minha. Acho injusta a informação de que é um retrocesso eu disputar o Senado."

Sarney disse ainda que decidiu lançar-se na corrida à presidência da Casa após ser "convocado" por parlamentares de partidos diversos. Depois de ser criticado por ter lançado seu nome na disputa tardiamente, Sarney disse que não desejou disputar o comando do Senado, mas que não poderia "fugir ao dever" de atender aos colegas --tendo a Deus como testemunha da sua disposição inicial de não concorrer ao cargo.

"Eu nunca fui candidato pela minha vontade, mas por convocação. Eu não queria disputar a presidência do Senado, fui convocado como um homem público que não pode deixar de fugir ao dever de atender a essa convocação no momento em que colegas de quase todos os partidos me solicitavam que assim eu fizesse", afirmou.

Interesses

A disputa pela presidência do Senado envolve interesses partidários que vão além do desejo de comandar o Congresso Nacional. O novo presidente da Casa terá a prerrogativa de selecionar o que entra na pauta de votações em pleno ano eleitoral. Com mandato de dois anos, Sarney estará no comando da Casa durante a disputa pela Presidência da República, em 2010.

Cabe ao presidente do Senado ditar o ritmo de votações e elaborar a pauta, o que poderá beneficiar ou prejudicar o governo em meio à corrida rumo ao Palácio do Planalto.

Os peemedebistas, que não mostram disposição em lançar candidato próprio à Presidência no ano que vem, são cortejados pelo PT e pela oposição para uma eventual composição de chapa. Com a presidência do Senado, o partido ganha força para as negociações com governo e oposição nas negociações preeleitorais.

Além da força política de presidir o Congresso, o senador eleito para comandar a Casa vai administrar um orçamento estimado em R$ 2,7 bilhões ao ano. O valor supera orçamentos de várias capitais e grandes municípios brasileiros, o que reforça a importância do cargo para os partidos --que também pleiteiam cargos na Mesa Diretora.

O presidente ainda autoriza, ou não, a instalação de CPIs (Comissões Parlamentares de Inquérito).

Biografia

O senador José Sarney de Araújo Costa, 78, ocupou seu primeiro cargo político há mais de 50 anos, como deputado. Desde então, alternou mandatos no Legislativo e no Executivo. Neste ano, volta à presidência do Senado, cargo que já exerceu por duas vezes --de 1995 a 1997 e de 2003 a 2005.

Filho de Sarney de Araújo Costa e Kiola Ferreira de Araújo Costa, é bacharel em Direito pela Faculdade de Direito do Maranhão. Integrou a UDN (União Democrática Nacional), partido que fazia oposição ao governo de Getúlio Vargas.

Também foi líder do governo Jânio Quadros na Câmara e presidiu a Arena e o PDS (Partido Democrático Social) durante o regime militar antes de integrar o PMDB.

Em 1965, elegeu-se ao governo do Maranhão com o apoio do presidente Castelo Branco. Em 1971, entrou no Senado e saiu em 1985 para ser vice de Tancredo Neves.

Com a morte de Tancredo, antes da posse, foi Sarney o primeiro presidente do país após a ditadura (1964-1985). Foi sob seu governo que a Assembleia Constituinte aprovou, em 1988, a atual Constituição.

Após deixar a Presidência, Sarney voltou ao Senado, agora eleito (e reeleito duas vezes) pelo PMDB do Amapá.

Membro da Academia Brasileira de Letras, Sarney costuma dizer que sua verdadeira vocação é a literatura. A política, segundo ele, foi seu destino. Como escritor, é autor de diversos romances, livros de poesia e obras sobre política no país.

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