Folha de S. Paulo: Porto Velho tem falta de água e culpa usina
Empresa de abastecimento de Rondônia e governo federal dizem que hidrelétrica de Santo Antônio prejudica captação
FELIPE LUCHETE
DE SÃO PAULO
FELIPE LUCHETE
DE SÃO PAULO
Metade da população de Porto Velho (RO), cidade de 428 mil habitantes, tem passado por "rodízio" de água devido a um problema na estação de abastecimento da cidade, vizinha à usina de Santo Antônio, no rio Madeira.
O ponto do rio onde estão as bombas de captação praticamente secou na semana passada. A empresa estadual de abastecimento atribui o problema à hidrelétrica. A empresa responsável nega.
Santo Antônio é a quinta principal obra do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e começou a gerar energia em março.
Localizada a sete quilômetros do centro da cidade -a maioria das usinas na Amazônia fica mais afastada-, a obra já provocou deslizamentos em terrenos de um bairro no início do ano, forçando a saída de 600 pessoas.
Na última semana, moradores e comerciantes do centro passaram a ter água um dia sim, outro não, segundo a Caerd (Companhia de Águas e Esgotos de Rondônia).
A diretora técnica da empresa, Débora Reis, diz que as bombas não conseguem puxar água porque se formaram bancos de areia no ponto de captação. O sistema chegou a ficar 30% comprometido, avalia.
O caso fez o Ministério Público solicitar vistoria técnica do Sipam (Sistema de Proteção da Amazônia, ligado ao governo federal), que apontou a hidrelétrica como causadora do problema.
Segundo parecer do Sipam, a construção e principalmente o início da operação da usina mudaram o fluxo do rio Madeira e deixaram "parada" a água no local das bombas. A redução de velocidade provocou a acumulação de sedimentos.
A Santo Antônio Energia, empresa concessionária da usina, diz que não há ligação entre suas obras e a dificuldade na captação de água.
Afirma que o problema ocorre devido ao baixo nível do rio Madeira, fenômeno comum nesta época do ano.
Mas o Sipam diz que não houve comprometimento da captação nem no ano mais seco do Madeira, em 2005.
A Santo Antônio enviou equipamentos e pessoal à estação na semana passada, onde instalou outras bombas e começou a "cavar" o ponto de captação.
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