Acre começa a "exportar" imigrantes haitianos para Rondônia
Um grupo de 35 haitianos desembarcou na manhã desta terça-feira (10) em Porto Velho (RO) com a esperança de que será admitido como mão-de-obra nas hidrelétricas de Jirau e Santo Antonio, fazendas, frigoríficos e indústrias da região. O grupo faz parte dos 1,2 mil imigrantes que se concentraram nos últimos quatro meses no município de Brasiléia, na fronteira do Acre com a Bolívia.
A transferência deles envolve o esforço do governo do Acre, Ministério das Relações Exteriores e Ministério da Justiça, que custeiam as passagens de ônibus. Eles partiram de Brasiléia na segunda-feira e passaram o dia em Rio Branco, capital do Acre, onde obtiveram CPF e Carteira do Trabalho e Previdência Social.
Ao desembarcar em Porto Velho, o grupo foi recebido apenas por amigos e familiares que já se encontram na cidade. O governo do Acre pretende enviar diariamente 35 haitianos para reduzir a presença de pouco mais de mil imigrantes que ainda se encontram no Estado.
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- As pessoas desse grupo se cadastraram tendo como destino Porto Velho porque já possuem parentes e amigos lá. Acho que o fluxo de imigrantes na fronteira Brasil-Bolívia diminuirá. Temos ainda 1050 haitianos. Nos últimos sete dias, chegaram apenas 21 novos imigrantes - disse o secretário de Justiça e Direitos Humanos do Acre, Nilson Mourão.
Além de Porto Velho, o destino dos haitianos inclui Belo Horizonte (MG), Florianópolis (SC), Porto Alegre (RS), São Paulo (SP) e o próprio Acre, onde um frigorífico contratou na segunda 60 imigrantes.
Representantes de empresas da construção civil de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Santa Catarina contataram autoridades do governo acreano e estão sendo recebidas para iniciar a seleção de trabalhadores.
Quase 800 haitianos ingressaram ilegalmente em território brasileiro, via Tabatinga (AM) e Brasiléia, entre a última semana do ano passado e a primeira de 2012.
Até chegar ao Acre, os imigrantes relatam que são vítimas de extorsão, roubo, estupros e mortes quando percorrem territórios do Peru e da Bolívia. A onda migratória por melhores condições de vida teve início em 2010, após o terremoto que devastou o Haiti.
Mas nem todos estavam no Haiti quando o país sofreu o terremoto. Alguns se aproveitam da situação e se deslocam para o Brasil a partir de outros países, principalmente a República Dominicana.
O trabalhador Exumé Malhurin, por exemplo, decidiu deixar a República Dominicana no começo de outubro e viajou 10 dias até o Acre. Ele é casado e pai de quatro filhos.
- Sou evangélico e sei que o que Deus une ninguém separa, embora muita gente fique pensando que vou constituir uma nova família. Meu plano verdadeiro é trabalhar no Brasil, em qualquer lugar. Preciso enviar dinheiro para sustentar minha mulher e meus filhos. Espero que as autoridades brasileiras permitam trazer minha família pelas vias legais o quanto antes. Difícil vai ser viver em Porto Velho, onde o aluguel para morar custa no mínimo R$ 300. Espero que Deus me ajude e tudo dará certo - disse Malhurin.
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