Rondônia, 23 de novembro de 2024
Política

O DEPOIMENTO BOMBÁSTICO DO OPERADOR DO ESQUEMA: COMO RECEBIAM OS DEPUTADOS, A EX-SECRETÁRIA E O PROCURADOR

No dia 15 de dezembro do ano passado, o ex-assessor da presidência da Assembléia Legislativa, Rafael Santos Costa prestou novo depoimento ao delegado da Polícia Federal Frabrício Fernando Diogo Braga na presença do promotor Anderson Batista de Oliveira. Rafael havia sido preso juntamente com o chefe de seu bando, o deputado estadual Valter Araújo, durante a Operação Termópilas. Era apontado como o operador do esquema, elo entre parlamentares que se corromperam, o próprio Valter Araújo e servidores públicos, entre os quais os ex-secretários José Batista da Silva (Sesau) e Mirian Speráfico. No novo depoimento, Rafael Santos Costa confirmou todas as acusações e delatou como funcionava o esquema de pagamento de propinas. A ex-secretária Miriam Speráfico por exemplo, nunca apareceu publicamente como suspeita. Mas Rafael Santos Costa detalhou que ela também pegou dinheiro. E indicou quem deveria receber por ela. Confirmando o que inicialmente apontou a Polícia Federal, ele também confirmou como, quanto e quando pagou propina para a deputada federal Epifânia Barbosa, a presidente regional do PT de Rondônia. Confira trechos do depoimento que o RONDONIAGORA teve acesso:



Propina dos empresários

Rafael Santos Costa disse que conheceu Valter Araújo em suas andanças pela Secretaria de Saúde. Valter ofereceu R$ 3 mil para que ele acompanhasse os processos de pagamento da Empresa Romar, sucessora da Reflexo. Após assumir a presidência, o deputado disse que o remuneraria melhor, mas conseguiu uma portaria na Assembléia no valor de R$ 4.400, considerado pouco pelo delator. Rafael Santos Costa afirmou que nunca realizou nenhum trabalho na Casa de Leis, mas só perdeu o cargo após a prisão, no mês de novembro.

O que sabe sobre a eleição da Mesa Diretora

Confira trechos do depoimento:  Valter começou a querer montar um grupo e procurar os demais deputados um dia após a eleição de 2.010.  Sabe dizer que Valter manteve alguns deputados por alguns dias no mês de janeiro de 2.011 em Manaus. Os deputados eram vigiados e o forgaido da Justiça controlava até as ligações. Que sabe que Valter assumiu um compromisso de alto valor, fora da realidade para se tornar presidente.  Quando os deputados retornaram de Manaus, sabe dizer que já estava definida a composição da Mesa. Que, pelo que se recorda, no dia da eleição ou um dia antes, se deslocou a casa de Valter a pedido de um segurança do deputado. Tinha a orientação de pegar vários ternos e roupas de mulheres. As roupas estavam identificadas com etiquetas pelos nomes dos deputados. Entregou as vestimentas na casa do ex-deputado Carlão de Oliveira. Após certo tempo ficou sabendo que os deputados estavam no Quiosque da Salsalito, na BR-364. As roupas foram levadas para a Salsalito e os deputados se trocaram lá, seguindo direto para a Casa Noturna Talismã 21, onde aconteceria a posse e eleição da Mesa.

Propina dos empresários

A eleição de Valter Araújo era importante para os empresários JOSÉ MIGUEL SAUD MORHEB (MAQSERVICE) e JÚLIO CESAR FERNANDES BONACHE (FINO SABOR), que estavam sem receber do Governo que assumiu. O depoente levou Júlio na casa de Valter e acertou o pagamento de 10% do valor do contrato. Após o acordo, Valter fez gestões e os pagamentos começaram a ser realizados. O depoente era quem levava o dinheiro da propina ao deputado e referia-se a contratos na Secretaria de Justiça e de Saúde. No caso de José Miguel o acerto ficou entre R$ 150 mil a R$ 170 mil por mês.

Propina aos deputados estaduais

Estavam na folha de pagamento mensal de Valter Araújo, os deputados Flávio Lemos, Ana da 8, Jean de Oliveira, Epifânia Barbosa e Saulo Moreira. Veja a seguir trechos do depoimento de Rafael Santos Costa referente a esses pagamentos: Valter o chamou na Assembléia e entregou um papel com os nomes dos deputados que deveriam receber o dinheiro. O operador do esquema diz ter realizado um pagamento a deputada Epifânia. Disse que deu carona para a parlamentar da Assembléia até a casa dela e entregou o envelope que havia sido repassado por Valter. O motorista da deputada seguiu os dois para residência no Bairro Jardim América. O pagamento foi realizado na mesma data em que Ana da 8 também recebeu. Nesse caso, ela mandou a irmã buscar o envelope também no Jardim América. Um dos pagamentos feitos a Saulo Moreira ocorreu no Supermercado Gonçalves da Jorge Teixeira. O dinheiro estava em uma caixa. Dois pagamentos a Flávio Lemos ocorreram na sede da Empresa Ita Engenharia em datas distintas e em dois envelopes. Jean Oliveira também recebeu de Rafael Santos Costa em duas oportunidades, uma vez nas proximidades da Assembléia Legislativa em um envelope em que havia cerca de R$ 40 mil. E outra vez na casa do parlamentar, sendo que neste último caso, quem recebeu foi a mãe de Jean Oliveira. Dois pagamentos feitos ao deputado Zequinha Araújo foram a mando do ex-secretário José Batista. Diz saber que outros pagamentos aos mesmos deputados começaram a ser feitos por Éderson Souza Bonfa, o “Goteira”, que continuou a tarefa do pagamento de propinas.

Secretários recebiam

Júlio Bonache gostava de pagar propina. Segundo o depoimento de Rafael Santos Costa, ele sugeriu que não somente Valter deveria receber dinheiro, mas outros servidores também. Considerava uma injustiça. No depoimento, ele conta que ficou acertado o pagamento de R$ 20 mil de propina para servidores da Secretaria de Justiça, incluindo até mesmo a ex-secretária Miriam Speráfico. Ela indicou outro envolvido no esquema, Rômulo da Silva Lopes, que segundo Rafael Santos Costa, teria um relacionamento com ela, para receber a propina. Não soube dizer como foi feita a divisão, mas sabe que Miriam recebia parte desse valor. O ex-secretário José Batista recebia R$ 20 mil por mês.

Procurador propineiro

Ele jurou inocência. Foi flagrado pela Polícia Federal, mas mesmo assim continuou dizendo que não atuava no esquema de propina desvendado pela Operação Termópilas. Mas Rafael Santos Costa revelou que repassou pessoalmente dinheiro para o procurador do Estado, Glauber Luciano Costa Gahya. Confira: Que, com relação aos fatos narrados no Relatório Circunstanciado de Diligência 51/2011, esclarece que naquele dia, 23 de agosto, se deslocou até o apartamento de Glauber, localizado no Edifício Solar Portinari com o investigado Miguel. Parou a camionete do lado oposto da rua e deixou Miguel dentro do carro. Desceu com R$ 10 mil na meia para entregar para Glauber. Que o pagamento devido era para Glauber dar celeridade e não criar embaraços no processo referente a aquisição do remédio Somatropina e garantir um parecer favorável...Uma representante do laboratório, Fernanda Maria Ribeiro Vedana deu o dinheiro para ser repassado a Glauber .Que neste mesmo dia, no momento em que foi pagar Glauber aproveitou e conversou a respeito do processo emergencial, que visava a retirada da Maq-Service da prestação de serviço do Hospital de Cacoal. Falou com Glauber, a pedido de Miguel, se o processo chegasse a mão dele era para dar um jeito que Miguel o ajudaria. Glauber disse então que estava “beleza” que ele não fazia emergencial para ninguém. No dia 31 de agosto, se deslocou até a Boate Hype, casa noturna de propriedade de Glauber. Que ao chegar ao local, Glauber entrou no veículo de Rafael Santos e recebeu R$ 10 mil. Glauber ainda perguntou se estava tudo lá, uma vez que faltava R$ 2 mil. Menos de um mês depois, Glauber recebeu esses R$ 2 mil nas proximidades da Sesau. A propina era referente ao parecer favorável na aquisição de remédio. CONFIRA PARTES DO DEPOIMENTO:

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