Rondônia, 21 de novembro de 2024
Opinião

A expansão da soja em Rondônia

Um imenso oceano que vai do verde ao marrom, passando por um amarelo ouro, vem mudando a paisagem e aquecendo a economia de Rondônia. Grandes áreas, antes dedicadas à pecuária, agora estão ocupadas pela soja. Já são 245 mil hectares de área plantada, 776 mil toneladas do grão - 6%  a mais que a safra 2014/2015.

Os números colocam Rondônia na terceira posição do ranking de maior produtor do Norte brasileiro e a soja como a maior e principal cultura anual, superando o café na representação do PIB. Do total da área plantada, 1/5 estão no próspero município de Vilhena. São 50 mil hectares de soja, 20% de toda a produção do estado.  

 O agricultor Nadir Comiram, é um dos pioneiros na produção de soja. Saiu de Chopinzinho (PR) com o pai e os irmãos. Fez um tour pelo Brasil atrás de terra e foi bem na divisa de Rondônia com o Mato Grosso que encontrou um lugar para investir no plantio do grão. Ele conta que o começo, em 1998, foi difícil. Hoje, já está com 1.800 hectares de área que, logo depois da soja dá espaço ao espetacular milho safrinha. Presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Rondônia, Nadir Comiram só tem uma reclamação: a instabilidade da moeda brasileira.

 Aumento de produtividade

 Com a chuva e o sol na medida certa, os produtores da microrregião de Vilhena estão colhendo de 67 a 70 sacas por hectare. A estimativa é de um aumento na produção de 5,9%.

 Com as novas tecnologias e oferta de calcário no estado, a soja segue ocupando áreas de vazios demográficos, devolvendo nutrientes a solos degradados e ajudando no crescimento da pecuária. Além de garantir uma terra para pasto com muita matéria verde, a soja oferece subprodutos que são utilizados na alimentação animal. Nos silos e secadores são feitas limpeza e seleção dos grãos. Resíduo, vagem e casca são separados e vendidos para indústrias locais que fabricam a ração e vendem a preço mais atrativo aos criadores.

A explosão da soja em Rondônia despertou o empreendedorismo da família Kurtz. Em 2001, pai e filho instalaram a indústria Portal Óleos Vegetais em Vilhena. Hoje produzem 48 toneladas de óleo e 180 toneladas de farelo de soja, compram 240 toneladas de grãos por dia de produtores do Cone Sul e Zona da Mata e geram 80 empregos diretos. O farelo é vendido para indústrias de ração de Rondônia, Acre, Roraima, Amazonas e Peru; o óleo vegetal segue para os mercados de São Paulo, Mato Grosso, Paraná e indústria de biodiesel da Petrobras em Quixadá, no Ceará.

O crescimento da soja em Rondônia também vem empolgando a indústria de arroz. No campo, o grão que não falta na mesa do brasileiro vem primeiro, facilitando e barateando o manejo da terra para o plantio da soja. Com visão, peculiar de grandes investidores, Pedro Rack e mais dois irmãos, enxergaram o potencial da cultura que pode ser chamada de abre-alas da soja. Em 1995 os Rack montaram a primeira máquina de arroz, mas deslancharam mesmo para o sucesso em 2003 com a instalação da indústria Rical, hoje uma grande parceira dos produtores de arroz e soja do estado.

A soja avança nos 52 municípios de Rondônia. Em Porto Velho a lavoura teve crescimento superior a 3.000%. A cultura do grão também transformou o estado em um corredor de exportação.  Pela hidrovia do rio Madeira a soja de Rondônia e de estados como o Mato Grosso segue até Itacoatiara e de lá para China e Amsterdã.

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