Em 2015, Estado teve mais de 1200 ocorrências de violência contra crianças e adolescentes
No ano passado, o Disque 100 recebeu 1.237 denúncias de algum tipo de violência contra crianças e adolescentes em Rondônia. Destes, 231 denúncias de violência sexual. Deste universo, Porto Velho aparece com 92 casos. Outro dado alarmante são as denúncias de negligência que somaram 572. Nesta quarta-feira (18), um seminário, realizado no auditório do Ministério Público de Rondônia, reuniu vários órgãos durante o lançamento oficial da campanha “Faça Bonito”, promovido pela Rede de Enfrentamento à Violência contra Crianças e Adolescentes.
Entre as faixas etárias, as mais atingidas estão entre 8 e 14 anos, que tiveram 523 casos. A faixa etária de 4 a 7 anos, também tem alto índice com 219 denúncias. Os dados do Disque 100 ainda apontam que o maior índice de violência temo origem na própria família da vítima. De acordo com a Rose Silva, vice-presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente, os envolvidos são pai, padrasto, avô, mãe, tio e até mesmo amigos da famílias. “Os números são elevados, mas não podemos comparar com o país por questão de população. A capital tem um número muito alto, mas se tivermos um caso, já seria um número alarmante”, diz Rose.
O conselho, explica Rose, tem a função de fomentar as políticas públicas com comissões que trabalham avaliando as políticas públicas e fazendo o levantamento em todo o estado, sobre exploração sexual, violência sexual, segurança, e ainda se há profissionais suficientes na área de atuação ou não. “Hoje, estamos com o edital para projetos abertos até o dia 30 de maio, que nesse edital tem o eixo específico para trabalhar com crianças vítimas de violência e também o eixo que precisa trabalhar com o agressor. A política pública precisa atuar dos dois lados, tanto da vítima quanto do agressor. Hoje o nosso maior problema, são os profissionais que, por conta de baixos salários, preferem ir à outros municípios”, esclarece a vice-presidente.
Já Edna Fernandes, socióloga e assessora técnica do Centro de Apoio Operacional da Infância e Juventude do MP, explica que o órgão trabalha no apoio à prevenção durante todo o ano. “As denúncias a gente recebe pelo Disque 100 e são encaminhadas às promotorias da infância e elas acompanham o trabalho do conselho e das delegacias especializadas pra combater o crime”, detalha Edna.
Entre os desafios no combate à violência estão: conseguir trabalhar em rede para que todas as instituições consigam se harmonizar, que sociedade se envolva, e o principal é acabar de fato com a violência contra criança e o adolescente. “Os pais podem e devem trabalhar com a educação, de acordo com a faixa etária, uma abordagem tranquila e segura sobre a sexualidade. Porque precisamos desse envolvimento. Todas as instituições são responsáveis, escola, igreja, a família principalmente, a própria comunidade”.
As redes sociais
Muitos casos de violência e exploração sexual acontecem também sem o conhecimento da família, através das redes sociais. A criança acaba acreditando e se envolvendo com um desconhecido e isso, de certa forma dificulta o trabalho de combate. Como forma de prevenção, a Edna recomenda que os pais fiscalizem os perfis dos filhos. “A gente faz palestras em escolas dos cuidados que se devem ter na internet e, sempre onde chegamos, a gente encontra crianças ativas em todas as redes sociais e a maioria nem tem idade suficientes para isso. Então, é um trabalho fiscalizador dos pais”, diz.
A Rede de Enfrentamento à Violência contra Crianças e Adolescentes é formada por representantes do Ministério Público, Tribunal de Justiça, Secretarias de educação, saúde, assistência social tanto municipal como estadual, e a sociedade civil. Durante todo o mês várias ações serão desenvolvidas para conscientização da família e da sociedade.
“A gente trabalha a conscientização da família, principalmente nas escolas. Mas é muito difícil, principalmente se esse agressor for o provedor da família. Aí a mãe pensa, se ele for preso, ela se preocupa. Mas um alerta que a gente faz pra sociedade: Denuncie! Existem programas e projetos para apoiar a família que foi vítima. Não se prenda apenas a situação econômica. Pensa na sua filha, no seu filho. A violação do corpo é a pior violência que a pessoa pode sofrer, é um trauma que vai levar pro resto da vida. Muitas vezes, a mãe passa por essa violência e acaba passando para os filhos. Toda violência deve ser combatida e o violador deve ser responsabilizado”, finaliza a Rose Silva.
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