Rondônia, 24 de dezembro de 2024
Polícia

Estrutura do estado era usada para proteger fazenda alvo de operação da PF

Em coletiva na manhã desta quinta-feira (17), as forças policiais e o Ministério Público de Rondônia, deram detalhes sobre a Operação Lamassu, deflagrada para desmantelar um grupo de milícia privada, integrada por policiais civis, militares e pessoas que não tinham funções públicas, que atuava na proteção de uma fazenda, invadida de forma ilegal, no distrito de Nova Mutum.

As investigações foram realizadas conjuntamente pela Polícia Federal, Polícia Civil de Rondônia e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público de Rondônia (Gaeco)

Durante a operação, cinco pessoas foram presas preventivamente, entre policiais civis, militares e investigados que não eram servidores públicos, mas que atuavam no grupo de milícia privada. O jornal apurou que um advogado foi preso.

Foram cumpridos 32 mandados de busca e apreensão, sendo um deles na residência do proprietário da fazenda onde a milícia atuava.

A Polícia informou que um policial civil foi afastado de suas funções públicas. Um delegado aposentado da Polícia Civil foi alvo de busca e apreensão em sua residência. Ele é um dos investigados e faz parte da família responsável por invadir a fazenda de forma ilegal, que era vigiada pela milícia.

Estrutura do estado

Durante as investigações, foi descoberto, que os policiais, usavam viaturas e armas oficiais para fazer a segurança da fazenda. “Um grupo familiar resolveu defender terras ilegais por meio da constituição de milícias privadas. As terras foram invadidas de forma ilegal”, disse o Anderson Batista, coordenador do Gaeco.

Segundo o superintendente da Polícia Federal, Rafael Souza Dantas, os policiais atuavam, juntamente com outras pessoas, como jagunços, intimidando, e ameaçando as pessoas como uma forma de garantir a propriedade ilícita das terras invadidas.   

Agora, de acordo com o coordenador do Gaeco, com a apreensão de materiais com a deflagração da operação, inicia a parte de análise de todo o material apreendido. “Vamos conseguir saber, inclusive, quanto cada policial ganhava para atuar na segurança da terra”, esclareceu.

O coordenador do Gaeco explicou ainda, que a Polícia desencadeou a operação de hoje, após colher informações através de quebra de sigilo bancário, telefone e mensagens. “Foi a partir das informações colhidas, e também com a investigação da operação Amicus Regem, descobriu-se que havia um grupo constituído e mantido por empresários e poceiro de terras naquela região, que estava mantendo um grupo de servidores públicos e não servidores públicos, constituídos uma milícia para assegurar a posse da região”, afirmou.

Ainda conforme o coordenador, a área onde a milícia atuava, vem historicamente envolvida em conflitos possessórios. “E temos percebido, nos levantamentos, que infelizmente esse tipo de solução, que se adota para assegurar aposse de áreas, tem servido de estimulo para a potencialização e aumento de conflitos”, enfatizou. 

Operações de quase meio bilhão de reais

A partir do afastamento do sigilo bancário dos investigados foi possível identificar movimentações financeiras superiores a R$ 445.000.000, sendo efetivamente comprovado o pagamento de valores aos servidores contratados para a função de segurança particular. “Se percebe que aquele serviço se tornou uma fonte de renda em prejuízo do interesse coletivo, porque os agentes públicos deixaram de prestar os serviços em suas escalas, para a sociedade, e usava viaturas e armas oficiais, em benéfico de uma determinada pessoa ou grupo particular, mediante remuneração. Isso está errado e tem que ser punido”, disse Anderson Batista.

O delegado-geral da Polícia Civil, Samir Fouad Abboud, participou da coletiva e disse que é função primordial das policiais darem satisfação para a população. “Não se trata de ilícitos das instituições e sim de algumas pessoas que trabalham nessas instituições. É duro ferir a própria carne, mas se necessário for, como foi hoje, estaremos prontos para agir, porque temos que agir, trabalhar com lisura, para a sociedade sempre ter a confiança que tem nas instituições policiais”, finalizou. 

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