Operação Viúva Negra: Após encontrar ossada, delegado explica como ocorreram os assassinatos e as prisões

A Polícia Civil de Buritis vai instaurar inquérito para investigar se a ossada humana encontrada no último sábado (27) é de um adolescente identificado apenas como Leonardo, que desapareceu após testemunhar o assassinato de um homem, Marcos, com quem trabalhava, em 2008. Segundo a polícia, ele sumiu antes mesmo de ser ouvido.
A ossada só foi encontrada com a investigação do assassinato de João Ramos de Souza, de 42 anos, ocorrido em 30 de janeiro deste ano. Conforme o delegado Rodrigo Spiça, durante as diligências, a Polícia teve acesso a um vídeo gravado pela vítima em que conta que ele matou Marcos, em março de 2008, na área rural do município de Presidente Médici. À época, a vítima foi assassinada com um tiro na cabeça enquanto tirava leite em seu curral durante a madrugada. O adolescente Leonardo, era empregado de Marcos e estava junto com ele o momento do crime. Na época, chegou-se a cogitar que o menor seria o assassino, por conta de uma possível relação extraconjugal com a esposa de Marcos, Elza, que foi indiciada, levada a júri popular, mas absolvida por falta de provas. O caso estava arquivado.
Em 2018, João Ramos de Souza separou-se da esposa Geralda, irmã de Elza, e não aceitava o fim do relacionamento. Por conta disso, começou a pressioná-la afirmando que iria contar a verdade sobre o caso Marcos. Não aceitando a pressão e já em um novo relacionamento com um homem identificado como Gideão, Geralda, teria pedido ao namorado para matar o ex-marido. A primeira tentativa ocorreu em novembro do ano passado e, após isso, João passou a ameaçar o trio – Gideão, Geralda e Elza.

Contou tudo
Conforme investigação policial, João Ramos estava tão desesperado com a separação e com o fato de sua ex-companheira estar num novo relacionamento que começou a fazer revelações para amigos em bares. Ele contou inclusive, que a mando de Elza, ele e Geralda esperaram Leonardo dormir e o mataram a pauladas. Em seguida, enrolaram o corpo no lençol e o jogaram dentro de uma fossa existente no terreno onde residiam, em Buritis, e atearam fogo no colchão onde a vítima dormia. O menor morava com eles no local.
Por conta dos comentários e ameaças, o trio arquitetou mais uma vez a morte de João Ramos e o executou. Ele foi morto com vários tiros de pistola 9mm, disparados por uma dupla em uma moto. Ao iniciar a investigação, a Polícia chegou até Gideão, Geralda e Elza, que estão presos temporariamente.
Após ter acesso ao vídeo deixado por João Ramos, a Polícia Civil realizou a Operação Viúva Negra, para elucidar os três homicídios ocorridos entre os anos de 2008 e 2019, cujas suspeitas são as esposas de duas das vítimas.
Ainda conforme o delegado Rodrigo Spiça, a ossada encontrada irá passar por exame pericial da arcada dentária, se não for possível, será por um exame de DNA. “Nós temos várias evidências que o corpo pode ser do Leonardo. Pois temos certeza que o Marcos foi morto em 2008, temos certeza que o Leonardo desapareceu nessa época e não foi mais encontrado e temos certeza da morte do João Ramos, entre outros fatos. Então, estamos trabalhando para elucidar esses crimes”, disse o delegado.
Junto com a ossada, possivelmente de Leonardo, foram encontradas roupas que a vítima vestia no momento do crime, um vestido branco e uma calça marrom, possivelmente as utilizadas por João e Geralda, que receberam R$ 1 mil pela execução e ocultação de cadáver.
A investigação sobre o homicídio e ocultação de cadáver de Leonardo está sob a responsabilidade da Delegacia de Buritis. Em Presidente Médici continuam as investigações para identificar os atiradores que executaram João Ramos.
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