PF deflagra operação para prender "coiote" que levava crianças para os Estados Unidos
A Polícia Federal em Ji-Paraná, com apoio da Corregedoria-Geral da Polícia Federal, Divisão de Direitos Humanos da Polícia Federal e Interpol, deflagrou nesta quarta-feira (18) a 3ª Fase da Operação Piratas do Caribe, para desarticular uma organização criminosa de “coiotes”, pessoas responsáveis de por levar brasileiros ilegalmente aos Estados Unidos, e prender o líder da quadrilha.
Conforme a PF, esta fase da operação, além de desarticular o ramo internacional da organização criminosa, busca informações sobre o desaparecimento de 12 brasileiros, em novembro de 2016, que tentaram a travessia Bahamas/EUA via oceano.
Os bens dos coiotes estão sendo sequestrados para ressarcir o dano causado às famílias das vítimas.
A operação também deve prender um dos maiores responsáveis pelo envio ilegal de crianças e adolescentes aos Estados Unidos na prática do esquema criminoso denominado “Cai Cai”, ou seja, que promove o ingresso de adultos ilegalmente nos Estados Unidos acompanhados de crianças ou adolescentes, para que assim esses adultos não sejam imediatamente deportados, mas que, com a política de “tolerância zero” da imigração norte-americana, implicou na separação de pais e filhos.
Estima-se que a organização criminosa ora atingida movimentou nos últimos anos mais de 25 milhões de reais e envia por ano uma média de 150 adultos e 30 crianças e/ou adolescentes para tentar o ingresso ilegal nos EUA. No curso da investigação, foi ainda constatado que diversos brasileiros transportados pelo grupo acabaram morrendo enquanto tentavam a travessia, inclusive com suspeita de homicídios.
São realizadas 02 prisões e 03 buscas no Brasil e no exterior.
A operação também possui Cooperação Jurídica das Bahamas e dos Estados Unidos, contando com o apoio da ICE – U.S. Immigration and Customs Enforcement.
Entenda a Operação Piratas do Caribe
As investigações começaram a partir da notícia do desaparecimento de um brasileiro que teria tentado entrar ilegalmente nos Estados Unidos com auxílio de “coiotes”, que cobravam quantias de, em média, R$ 60.000,00 para intermediar o transporte ilegal via Bahamas.
Antes de sair do Brasil, os imigrantes ficavam em algumas cidades com aeroportos internacionais de fácil acesso, aguardando a ordem de embarque para as Bahamas, que ocorria quando um determinado agente de imigração daquele país facilitava a entrada dos brasileiros. Uma vez nas Bahamas, os imigrantes aguardavam por vários dias para tentar fazer a travessia de barco e assim ingressarem clandestinamente nos Estados Unidos.
Além de todos os conhecidos riscos que envolvem a imigração ilegal para outros países, os “coiotes” escondiam os reais perigos envolvidos na travessia como a passagem pela região do Triângulo da Bermudas, famosa pelo alto índice de tempestades, naufrágios e desaparecimento de embarcações e aeronaves.
Esta terceira fase da Operação Piratas do Caribe apresenta ainda duas novidades: é uma operação atualmente conduzida experimentalmente no ambiente de Inquérito Policial eletrônico (Sistema ePol), e é uma das primeiras envolvendo a prática do crime previsto no art. 232-A/CP (promoção da migração ilegal), que entrou em vigência final de 2017.
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