PF prende acusado de matar o indígena Ari Uru-Eu-Wau-Wau
A Polícia Federal, em um trabalho em conjunto com o Ministério Público Federal (MPF), prendeu preventivamente, durante a Operação Guardião Aru, deflagrada nesta quarta-feira (13), o principal suspeito de ter matado o indígena Ari Uru-Eu-Wau-Wau, de 34 anos, encontrado morto no dia 18 de abril de 2020, na RO-010, na zona rural do município de Jaru. A Polícia não revelou a identificação do acusado.
Além da prisão do acusado, a PF cumpriu mandado de busca e apreensão. Ari Uru-Eu-Wau-Wau integrava grupo de vigilância indígena contra a exploração ilegal na região onde foi encontrado morto e era referência entre os indígenas.
Conforme informações apuradas pela Polícia, o corpo do indígena apresentava lesões no pescoço e cabeça. Inicialmente a Polícia Civil de Jaru conduziu as investigações e, conforme relatório parcial apresentado em 2020 sugeriu o declínio de competência para a Justiça Federal, tendo em vista que uma das linhas investigativas levantadas era que o motivo da morte se relacionava com divergências no tocante à venda ilegal de madeiras na reserva indígena. Nesta fase da investigação a autoria do crime ainda era incerta.
Após os tramites legais, a competência foi devidamente fixada na Justiça Federal no dia 26 de maio de 2021, e a partir deste momento, os trabalhos investigados foram conduzidos pela Polícia Federal.
Como medidas iniciais, a Polícia Federal realizou inúmeras diligências de campo, técnicas investigativas especiais, entrevistas, oitivas, interlocução com servidores que atuaram no tempo dos fatos, apreciação minuciosa de todos os elementos probatórios até então colhidos nas primeiras horas após o crime, além de contato com pessoas próximas da vítima visando compreender os últimos passos de Ari.
A PF ressaltou ainda, que uma das medidas investigativas adotadas na investigação foi a elaboração de laudo pericial indireto produzido pela Polícia Federal, com base nos elementos probatórios juntados no tempo dos fatos, que concluiu que a morte ocorreu entre 1 hora e 3 horas da madrugada do dia 18 abril de 2020, conforme as lesões, os vestígios e as circunstâncias apontaram para a ocorrência de morte violenta.
Como o corpo não demonstrava sinais de autodefesa, uma das linhas investigativas apuradas pela Polícia Federal trabalha com a hipótese de que o autor do crime tenha oferecido substância que, uma vez ingerida pela vítima, deixou Ari desacordado para então iniciar as agressões físicas que culminaram em sua morte. Posteriormente, o assassino do indígena conduziu o corpo para o local onde Ari foi encontrado morto.
Com o avanço das investigações foi possível chegar ao possível autor do crime que, segundo apurado, recaem suspeitas da prática de outros homicídios. Atualmente, segundo a Polícia, o acusado encontra-se preso preventivamente pela prática de outro crime de homicídio, ocorrido, aproximadamente, oito meses após a morte de Ari.
Na operação foi decretada nova prisão preventiva pela 3ª Vara Federal Criminal. A motivação do crime ainda será melhor esclarecida pela Polícia Federal de Ji-Paraná, que está à frente das investigações.
Conforme dispõe o art. 7º do Código de Processo Penal, para verificar a possibilidade de haver a infração sido praticada de determinado modo, a Polícia Federal irá proceder, antes do término das investigações, à reprodução simulada dos fatos visando confrontar as possíveis versões para a dinâmica do crime de homicídio qualificado. A pena para este crime pode chegar até 30 anos.
O nome da operação trata-se de uma homenagem ao indígena Ari Uru-Eu-Wau-Wau, que sempre lutou pela proteção da Terra Indígena URU-EU-WAU-WAU.
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