Consumidor paga alto preço pelo leite e produtor ganha pouco, aponta CPI
Criada em 10 de setembro do ano passado, a Comissão Parlamentar de Inquérito, criada inicialmente para apurar a existência de cartel entre os laticínios e depois ampliada para discutir a cadeia produtiva rondoniense, aponta uma realidade dura para consumidores e pequenos produtores.
Nós realizados a última reunião nesta terça-feira. Os proprietários de pequenos laticínios explicaram sobre a dificuldade de logística para comercializar seus produtos. Acabam ficando nas mãos do atravessador e dos grandes supermercados. Nessa cadeia produtiva, o produtor é muito penalizado e o consumidor final paga um preço caro, explicou Jesualdo.
A CPI do Leite foi criada logo após uma longa greve dos produtores. Houve piquetes em frente as indústrias, gerando muita confusão, inclusive algumas detenções no interior do Estado. O deputado estadual Jesualdo Pires (PSB-Ji-Paraná) entendeu que o caminho para apontar soluções para a crise estava na criação de um instrumento de investigação e estudos através da Assembléia Legislativa. Apresentou o requerimento da CPI, aprovado em plenário, e que ao longo desses 7 meses ouviu dezenas de produtores, donos de laticínios, supermercados, representantes de sindicatos, associações, gestores públicos, entre outros envolvidos na cadeia produtiva.
Nós realizados a última reunião nesta terça-feira. Os proprietários de pequenos laticínios explicaram sobre a dificuldade de logística para comercializar seus produtos. Acabam ficando nas mãos do atravessador e dos grandes supermercados. Nessa cadeia produtiva, o produtor é muito penalizado e o consumidor final paga um preço caro, explicou Jesualdo.
O parlamentar constatou a realidade dos preços ao ouvir de um pequeno produtor de Ministro Andreazza sobre a venda de 4 mil quilos de queijo mussarela em Porto Velho. Enquanto o Supermercado Irmãos Gonçalves vende o produto a R$ 15,00 o quilo, o produtor de Andreazza não consegue colocar o mesmo queijo nem a R$ 7,00 o quilo. A única solução é voltar com a mercadoria para o interior ou morrer não dos atravessadores, enfatizou o deputado. É preciso acabar com esses gargalos e possibilitar o acesso desses pequenos produtores ao mercado.
Monopólio da Tetra Park
Um dos grandes responsáveis pelo alto preço do leite rondoniense é o monopólio gerido pela multinacional Tetra Park. A empresa é detentora dos direitos das embalagens de caixinha, onde é acondicionado o leite longa vida. Quando um laticínio é aberto, seus representantes colocam a máquina de produzir as caixinhas dentro da indústria, mas exigem um contrato de exclusividade de pelo menos 50 anos. E cobra por cada embalagem R$ 0,50 que é embutido no preço final, mas não é repassado ao pequeno produtor. A idéia do grupo de deputados integrantes da CPI é estimular a venda do leite pasteurizado, conhecido leite de saquinho, pois é de melhor qualidade, embora precise ser consumido em menos tempo do que o UHT.
Nesta terça-feira, foram ouvidos na CPI. Na próxima quarta-feira, Jesualdo Pires (presidente), e os deputados Valter Araújo (relator), Ribamar Araújo (membro), Tiziu Jidalias (membro) e Luiz Cláudio (membro) realizam reunião técnica para começar e a elaborar o relatório final da comissão, redigido conjuntamente pelos parlamentares indicando recomendações e sugestões para o setor e órgãos governamentais. A primeira delas foi a criação do Conselho do Leite (Conseleite) em dezembro do ano passado pelo governo estadual no âmbito da Câmara Setorial do Leite, órgão da Secretaria de Agricultura. A entidade irá apresentar ao final de cada mês uma referência de preços para cada produto da cadeia leiteira, buscando acabar com o conflito, equilibrando os preços e norteando o setor.
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