Rondônia pede apoio da União para resolver situação de grupo de haitianos
O Governo de Rondônia enviou documentos nesta sexta-feira ao Ministério da Justiça, ao Itamaraty e à Embaixada do Haiti em Brasília, cobrando apoio para resolver a situação dos 98 haitianos 90 homens, 7 mulheres e uma criança que se encontram alojados no Ginásio de Esportes Cláudio Coutinho.
É uma situação inusitada, que ninguém esperava. Precisamos do apoio do governo federal, mas até agora não recebemos qualquer orientação a respeito, diz Cláudia. A equipe da Secretaria de Ação Social tentou contato com as usinas Jirau e Santo Antonio em busca de empregá-los na obra, mas não recebeu respostas. Em tese, os dois empreendimentos teriam vagas disponíveis para os 97 adultos.
O governo do estado criou um Grupo de Trabalho exclusivamente para tratar da questão dos haitianos, sob a coordenação da secretária de Ação Social, Claudia Moura. Segundo ela, o governo está sensível a questão por razões humanitárias, mas adverte que a estrutura governamental não está preparada para suportar a situação, caso venha a se prolongar.
É uma situação inusitada, que ninguém esperava. Precisamos do apoio do governo federal, mas até agora não recebemos qualquer orientação a respeito, diz Cláudia. A equipe da Secretaria de Ação Social tentou contato com as usinas Jirau e Santo Antonio em busca de empregá-los na obra, mas não recebeu respostas. Em tese, os dois empreendimentos teriam vagas disponíveis para os 97 adultos.
Cláudia entrou em contato também com a Pastoral do Imigrante, ligada a Igreja Católica, na intenção de promover uma oficina sobre a rotina em terras rondonienses, sobre cuidados que devem ter. Na Pastoral há pessoas que falam francês, língua mais falada no Haiti depois da oficial, a créole.
No grupo, a maioria é de pedreiros, ajudantes de obras, pintores e costureiros. Mas há, também, professor, bioquímico e economista. Praticamente todos vieram da cidade de Limbé, a segunda maior depois de Porto Príncipe. Eles fizeram o seguinte trajeto até Porto Velho. Do Haiti passaram pela República Dominicana, de lá para o Equador, depois seguiram para o Peru, de onde entraram no Acre e foram trazidos pelo governo acriano até Porto Velho, mais precisamente, até a vila de Nova Mutum.
Orientados por organizações ligadas aos Direitos Humanos, a maioria já sai de sua cidade de origem com a recomendação de vir para Rondônia, procurar emprego nas obras das usinas do rio Madeira. Do grupo, apenas dois falam o português e acabam sendo os intérpretes de todo o grupo.
Documentos
A leva de haitianos que buscam refúgio no Brasil, depois do terremoto que destruiu boa parte do país no ano passado, pegou até mesmo o governo federal de surpresa. Tanto que nesta semana o Ministério da Justiça suspendeu a emissão de protocolos de pedido de refúgio, documento que permite aos estrangeiros regularizar sua situação no país, podendo tirar a carteira de trabalho e identidade de estrangeiro.
Com a suspensão do protocolo, um grupo de mais 40 haitianos está, desde o fim de semana, barrados na fronteira entre as cidades de Brasiléia (AC) e a peruana Iñapari. Outros 30 haitianos aguardam para entrar no país por Tabatinga (AM), segundo reportagem da Folha.com.
Todos os 98 haitianos em Porto Velho possuem o protocolo do pedido de refúgio, carteira de trabalho e RG de estrangeiro, concedida pela Polícia federal no Acre. O governo brasileiro calcula que 700 haitianos tenham chegado a terras brasileiras desde o ano passado.
O governador Confúcio Moura considera impossível que o Estado mantenha todos os imigrantes. Vamos tentar resolver a situação dos que estão aqui, nossa cota já ultrapassou e Brasília terá que tomar uma atitude, cobrou.
A Secretaria Estadual de Saúde (Sesau), em parceria com a Agência de Vigilância Sanitária (Agevisa) realizou procedimentos de exames em todos os haitianos e nada de anormal foi diagnosticado, disse o secretário de Saúde, Alexandre Muller. O Haiti vive atualmente um surto de cólera, daí a preocupação.
Trabalho
Claudia Moura providenciou a instalação de um posto avançado do Sistema Nacional de Emprego no próprio Ginásio Cláudio Coutinho, para tentar identificar postos de trabalho e, ao mesmo tempo, evitar o assédio com propostas de subempregos e eventual cooptação para trabalho escravo. Eles precisam de emprego que lhes garanta a dignidade para tocar suas vidas. Não devem se tornar eternos dependentes do governo ou de entidades sociais, observou Cláudia Moura.
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