Sindur quer aumentar salário de marajás na Caerd
Mesmo com os altos salários sob investigação no Ministério Público, em razão de manobras na gestão compartilhada elevando alguns vencimentos a valores até de R$ 30 mil mensais, o Sindicato dos Urbanitários (Sindur) exige aumento salarial e promete endurecer as exigências com greve a partir do dia 21 deste mês na Companhia de Águas e Esgotos de Rondônia (Caerd). A direção já informou que não haverá negociação por dois motivos: a crise financeira que atingiu duramente o estado de Rondônia e o inquérito aberto no MP para apurar promoções fraudulentas na estatal garantindo salário de marajá, inclusive para diretores do sindicato.
O rombo nos últimos 10 anos com progressões irregulares chegam a R$ 100 milhões. A Caerd obteve esse resultado através de auditoria interna cujos relatórios foram encaminhados ao Tribunal de Contas e Ministério Público. O diretor do sindicato, Wilson Lopes, foi contratado em 20 de fevereiro de 1986, segundo o documento da companhia, para a função de auxiliar administrativo. De 1º de março de 1986 a 1º de maio de 2013, Lopes passou de auxiliar para técnico superintendente de Gestão de Negócios Nível E-42, o que garantiu um salário de R$ 22.919,26. Segundo o que foi apurado pela estatal, ele não possuía os cursos de graduação, pós graduação e domínio de gestão empresarial exigidos para subir de nível. A auditoria atribuiu a ele um salário de R$ 6.138,89 mas pelas progressões obtidas com apoio do Sindicato dos Urbanitários com a gestão compartilhada o salário saltou para R$ 22.919,26.
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O Sindur exige um aumento de 9,83% a título de perdas. Além da sangria com as progressões, a entidade quer aumentar ainda mais o prejuízo da Caerd. Outra pauta de reivindicações do sindicato é a luta pela não privatização. Na verdade, a multinacional AEGEA com filial em São Paulo está tentando tomar todo o sistema nos municípios sem pagar um único centavo em indenizações, mas até agora os diretores sindicais não foram a imprensa falar uma única palavra contra o desmonte da companhia.
Licitações fraudulentas
A gestão compartilhada na Caerd também está sendo alvo de pelo menos três grandes investigações. Numa delas, a Polícia Civil deflagrou no dia 22 de março a Operação Kairós que investiga o direcionamento de licitações no valor de mais de R$ 8 milhões para empresas ligadas a uma suposta quadrilha formada por servidores, empresários e contadores. O Sindur foi alvo de busca e apreensão e o diretor Wilson Lopes foi proibido, na época, de entrar no prédio da Caerd. Uma segunda investigação sob sigilo está em curso e apura o uso de servidores com altos salários para tomar empréstimos em instituições financeiras.
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